domingo, 12 de março de 2017

Café Royal X

“Mar vivo”

Na semana passada a anormalmente rápida evolução de uma baixa pressão deu origem a ondas de 13 metros que derramaram destruição no litoral da Madalena do Pico. Edifícios públicos foram arrasados, investimentos privados foram arruinados, tudo isto independentemente do número de likes que tinham no Facebook. Séculos de sedentarização tornaram-nos analfabetos da natureza. Já não lhe reconhecemos os sinais. E, aqui no meio do atlântico, à mercê dos elementos, nem a tecnologia nos salva da sua força. Furacões raspam-nos a costa, tempestades inundam-nos as terras, que em torrente se esvaem no mar, ondas gigantes assaltam-nos a vida. É como se todo o planeta irrompesse numa febre de que somos nós o vírus causador. Hoje, é tão indesmentível a realidade do aquecimento global como é impossível escapar-lhe ou detê-lo. Serão necessárias gerações para sequer esperançarmos que o planeta nos acolha de novo de forma benigna. Mas, se não começarmos já esse caminho de regresso ao respeito pela natureza nunca conseguiremos esse desígnio de comunhão com o futuro. Que sentido podemos encontrar nas nossas vidas quando é o próprio planeta que morre diante dos nossos olhos hipnotizados pelos ecrãs dos telemóveis?

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