quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Café Royal XXXVIII

Metáforas

Finalmente vai acabar a campanha autárquica. Apesar de, formalmente, essa campanha só ter tido início há poucos dias, desde Março que os diferentes circos partidários se fazem ouvir pelas ruas, fóruns, salões de baile, arruadas, beijinhos, porta-a-porta, cartazes, caixas de correio e outro tanto rol de itens com que tentam inebriar a amálgama indistinta de cidadãos a que eufemisticamente gostam de chamar “o povo”. É normal, já estamos habituados, mas cansa. Triste, no entanto, é que do que realmente importa pouco se fala. Desenvolvimento sustentado? Políticas ambientais? Qualificação da oferta turística? Da gestão básica das coisas autárquicas: mobilidade, saneamento, resíduos? Sobre tudo isto, nada. As frases são sempre as mesmas. Um anúncio aqui, uma intenção ali. Mais betão acolá, um investimento acolí e assim se vai andando, sorridentemente. Esta campanha autárquica transformou-se mesmo numa verdadeira publicidade à pasta de dentes. Armadilhados de fotógrafos profissionais, os candidatos inundam as redes sociais de fotos suas, numa torrente de vaidade fútil sem precedente. Mas, nessa ânsia da pose e da foto estudada transparece a metáfora do nosso futuro. Um candidato faz-se fotografar com um avião de uma companhia low cost a sobrevoar-lhe a testa, omitindo que já amanhã esse mesmo voo será, provavelmente, cancelado…

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