quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Café Royal XLII

O Bem Público

Valor supremo num Estado democrático é o bem público. Valor sagrado para a República em que o bem de todos os cidadãos, iguais aos olhos do Estado, é principio e fim da razão de toda a governação. Os que são eleitos são-no com essa responsabilidade, de agir para e zelar pelo bem público. Mandaria, também, a ética que esse fosse, quase como um sacerdócio, o desígnio último de quem ocupe cargos públicos. Infelizmente, essa vocação parece hoje cada vez mais alheada dos nossos políticos. A acusação a José Socrates, escândalo de proporções dantescas de promiscuidade entre o interesse público e privado é, independentemente da culpabilidade dos envolvidos, um caso que mina profundamente a solidez do regime precisamente naquela que deveria ser a base fundamental do mesmo: a confiança depositada pelos cidadãos nos seus eleitos e a responsabilidade destes em cuidar pelo bem de todos. Também, nessa tragédia de proporções bíblicas a que assistimos, outra vez, nos últimos dias, do país em chamas, é a fé das pessoas na governação que se vê, talvez irremediavelmente, destroçada. Por cá, foi desmascarada uma rede de corrupção, naquilo que poderá ser o levantar do véu de uma vasta epidemia de corrosão dos interesses públicos. A obrigação dos nossos eleitos é resgatar de novo para a governação o primado do Bem Público, antes que seja tarde de mais…

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