2018 foi um ano horrível
para Vasco Cordeiro. Talvez, até, o mais difícil desde que tomou posse como Presidente
do Governo. Na esteira da Operação Asclépio o escândalo dos vencimentos da
Arrisca. O desastre do Mestre Simão. O dramático fecho da Cofaco do Pico. O processo,
intempestivo, da “reforma” do SPER, coisa que ainda se arrasta, penosamente. O inqualificável
escândalo das evacuações médicas. A hipocrisia das viagens dos deputados. O braço
de ferro com os professores. A estagnação estatística do Turismo. A triste telenovela
da privatização falhada da SATA Internacional. Os maus tratos na Santa Casa. As
suspeitas de corrupção na ATA. Entretanto e pelo meio, uma remodelação falhada,
um governo descredibilizado e bicéfalo, onde a altivez da Vice-presidência se
agudiza a cada dia. O bairrismo serôdio entre as ilhas, que cresce e se metastiza.
O PS Açores alcandorado na vulgaridade e o PSD Açores que elegeu um jovem líder
de quem se diz ser um predestinado. Perante isto, na sua mensagem de Natal, Vasco
Cordeiro pediu exigência, justiça, rigor e profissionalismo, começando, de
forma cândida, por si próprio. Tenhamos esperança…
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
Café Royal CIII
Estado falhado
Na sua omnipresença
habitual e a propósito do mortal acidente de um helicóptero do INEM, o
Professor Marcelo fez saber que o Estado, mais uma vez, falhou. O Estado falhou
em administrar o território na tragédia dos incêndios. O Estado falhou em
garantir a integridade das Forças Armadas em Tancos. O Estado falhou em Borba e
o Estado falhou, também, novamente, na garantia de socorro atempado àqueles que
deram a vida “para que outros vivam”.
Mas, se é fácil a martirização dos sucessivos governos perante esta ubiquidade
da tragédia, era, talvez, mais importante que este tímido “mea culpa” da classe política, encetado pelo Sr. Presidente, fosse
bastante mais profundo. O Estado falhou, na crise financeira de 2008, na
supervisão do sistema bancário. O Estado falha, todos os dias, no combate à
corrupção. O Estado falhou, continua a falhar, na luta contra a pobreza e as
desigualdades sociais. O Estado falha na saúde, falha na educação, falha na
protecção social. Mas, onde o Estado falha, acima de tudo, é na percepção que
todos temos de que os políticos estão é ao serviço de si próprios e não dos
cidadãos. Esse sim, é o maior falhanço do Estado!
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
Café Royal CII
Décor
Recentemente, um jovem
casal dinamarquês fez-se fotografar, nu, no topo da grande pirâmide de Gizé,
convidando a ira das autoridades egípcias e o espanto das redes sociais. O
gesto, justificado pelos próprios como artístico, insere-se numa tendência que
consiste em tirar fotos onde as pessoas surgem enquadradas por locais
históricos e/ou paisagens, mais ou menos deslumbrantes (sendo que a parte da
nudez é opcional…). O que motiva os praticantes deste desporto não é a descoberta
dos locais e a sua fruição, ou a aprendizagem que essa descoberta obriga, mas
antes a pulsão egocêntrica do registo da presença, a obsessão do tag e do like. Marcel Proust escreveu que a verdadeira viagem de descoberta
consistia não em procurar novas paisagens, mas em encontrar novos olhos. A
ditadura dos hashtags consiste em
esvaziar por completo o acto de viajar de qualquer réstia de engrandecimento
interior, tornando-o um mero acumular de clicks.
Viajamos já não para aprender, mas para estar. Despimos por completo a
magnificência de Gizé e tornamo-nos no centro da paisagem. É como se o mundo
todo fosse apenas e tão só décor para a próxima selfie, com ou sem cuecas…
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Café Royal CI
La Revolution
Não é a mais velha
profissão do mundo, mas é, talvez, aquela cujo impacto na História da
Humanidade tem sido, desde há milénios, bastante mais profundo – o cobrador de
impostos. Desde as tábuas de escrita cuneiforme, da Mesopotâmia, até aos “gilets jaunes”, da Paris de hoje, que o
impacto dos impostos na evolução das sociedades tem sido maior que o de
ideologias ou religiões. A fuga dos hebreus do antigo Egipto; a queda do
império romano; a Magna Carta; a independência dos EUA; o conflito entre
capitalismo e socialismo, são exemplos do papel que a tributação teve e tem no
desenrolar da História. E, importa realçar, que a questão é tanto o valor da
cobrança como a percepção, por parte do cidadão, da racionalidade da sua utilização
pelos Estados. Desde a crise de 2008 que somas totalmente obscenas dos nossos
impostos têm sido gastas a salvar o “sistema financeiro”. Entretanto, 1% da
população detém 45% de toda a riqueza mundial e, por exemplo, em França, o peso
da carga fiscal sobre o rendimento da população é de 40%! Et voilá, c´est lá revolution…
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