quinta-feira, 30 de maio de 2019

Café Royal CXXVI


Da abstenção

Os partidos têm pânico do desconhecido e as eleições, por natureza, são uma incógnita. Para os directórios partidários, as noites eleitorais representam horas intermináveis de tensão e angústia. Tomados por esse medo, os partidos inventaram as carrinhas para ir buscar eleitores e outras habilidades do mesmo teor, que inquinam o principal pilar da democracia – o voto livre. Garantir o mínimo de votos necessários e apostar na abstenção tornou-se um seguro de vida para os partidos. A abstenção transformou-se, ela própria, num instrumento político. Quanto maior ela for, mais garantias têm os partidos sobre os resultados e, normalmente, quem está no poder beneficia com a abstenção. Votar é um dever e a abstenção é um direito de qualquer cidadão livre. Porém, uma sociedade madura tem de exigir, a si própria, governos legitimados por maiorias sólidas. De todas as ideias, que por estes dias vão inundar o debate político, talvez a mais interessante seria não validar eleições com abstenções acima de 50%. Se acontecer, repetem-se as eleições, até que os partidos consigam verdadeiramente cativar as pessoas, sem ser só os seus aparelhos e dependentes, levando-as a escolher e a votar, livremente.  


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