quinta-feira, 11 de julho de 2019

Café Royal CXXXII


Racismo de classe

Portugal não é, nunca foi, racista. A maior prova desse não-racismo nacional é a miscigenação. Ao contrário de outros povos, a disseminação dos portugueses pelo mundo fez-se pela comunhão intelectual, social e sexual entre raças, povos e culturas. Portugal foi o primeiro país a abolir a escravatura. E, como já alguém disse, em tom libidinoso, a maior dádiva de Portugal ao mundo foi a mulata… Vêm isto a propósito da discussão em torno de um texto lastimável de Maria de Fátima Bonifácio, no jornal Público, sobre raças, culturas, civilizações e, pasme-se, “cristandade”. O mal que afecta o espírito nacional não é o racismo, é o classismo. Portugal é, ainda, um país contaminado pelos resquícios do feudalismo e do Estado Novo, que se enoja com a pobreza, mas não a combate e de “senhoras” e criadagem separadas por vestíbulos obscuros. Só que hoje, nos bairros chiques de Lisboa, as criadas são todas negras. Não vale a pena rebater o discurso racista, mas convém lembrar que, como diz o slogan das campanhas contra as alterações climáticas: “Não há Planeta B” e vivemos todos neste planeta, brancos, negros, vermelhos, amarelos, e a Sra. Bonifácio também…


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