sexta-feira, 26 de maio de 2017

Café Royal XXI

Coisas menores

Folheando os periódicos locais, no rotineiro café matinal na Tabacaria, reparo com desgosto na tendência actual dos opinadores, digamos parlamentarmente no activo, para escreverem sobre si próprios. É como se as suas colunas nos jornais se tivessem transformado em cenas dos próximos capítulos dos apartes parlamentares. Recentemente, esta propensão assumiu novos limiares no submundo da internet. Numa série de posts e comentários vários protagonistas efabularam sobre si próprios, o seu estatuto, a sua verdade, o ângulo e a visão, mais ou menos destorcida, da sua própria narrativa política. É como se todo o espaço político se reduzisse à mera existência dos seus protagonistas. O que dizem, o que fazem, como se relacionam e se destratam uns aos outros. Como se o relevante fossem os políticos em vez das políticas. São os próprios actores do teatro político que se menorizam a este papel e quando pretendem parecer que pensam o futuro da região fazem-no em fúteis comissões eventuais sobre a reforma da autonomia. O papel dos políticos é escutar e ajudar os outros e não fecharem-se sobre si mesmos. Razão tem Álvaro Monjardino quando alerta que o importante não é mexer nas instituições, mas sim um modelo de desenvolvimento económico sustentável para a autonomia. E isso, creio eu, não se encontra no Facebook…

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