terça-feira, 6 de junho de 2017

Café Royal XXII

O lago

Surpreendentemente, foi Angela Merkel quem fez o mais límpido resumo do autêntico circo voador que foi a tour internacional de Trump. A Europa está por sua conta - anunciou, desalentada, a chanceler. Frase pesarosa, com tanto de augúrio como de sentença: por um lado a constatação da inadiável necessidade de a Europa aprofundar a sua união é um auspício importante, mas fazê-lo por oposição ao seu mais pródigo filho é uma triste condenação. Só por ignorância se pode querer ostracizar a América daquilo que são os mais profundos interesses europeus. Também, só por cinismo se pode querer confundir a América com o Sr. Trump, por mais que discordemos dele. Cabe à Europa fazer ver à América o papel fulcral que esta desempenha nos vários equilíbrios globais, naturais ou políticos. Não o fazer é condenar a própria Europa ao vácuo internacional. Nunca esqueçamos, enquanto europeus, que as nossas liberdades são fruto da independência americana e façamos também por lembrar aos americanos que a sua posição no mundo é filha da sua atlântica união connosco. E, para nós, portugueses insulares, navegando neste meio do atlântico, esta é uma questão de vital importância. Uma Europa que desista da sua parceria atlântica com os E.U.A. coloca os Açores à mercê da nação, mais ou menos oriental, que tome para si os destinos da Terra.

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