quinta-feira, 2 de abril de 2020

Café Royal CLXVIII


Guerra

É a expressão mais utilizada para descrever esta crise. A metáfora é má, mas é simplista o suficiente para uso político. Importa, então, saber que guerra é esta? Quem é o inimigo? Que generais temos, que armas e estratégias usam? E, mais importante de tudo, por que razão lutamos e para defender o quê? Ao Governo, tudo parece claro e a resposta fácil: o inimigo é o vírus, põe-se a vida normal em pausa e a economia em coma (esperando que um milagre as possa reanimar) e assim salvam-se vidas. No entanto, o vírus tem, felizmente, uma taxa de letalidade a rondar o 1% e rapidamente percebemos que a verdadeira batalha é pela sobrevivência do SNS perante um inimigo que há muito havia sido anunciado e, o pior, que os nossos sucessivos governantes escolheram precisamente deixar falir o Estado Social para salvar a Banca e o Capital, tal como estão a fazer agora. As guerras travam-se não apenas para salvar vidas, mas para defender ideais e para lutar por formas e estilos de vida. Ora, foi exactamente o nosso “estilo de vida” o primeiro a morrer nesta guerra. O que vai nascer dos escombros é uma incógnita. A única certeza é que só dependerá de nós e das escolhas, solidárias, que fizermos.


Sem comentários: