quinta-feira, 4 de março de 2010

A liga dos pais extraordinários


Dizem as convenções que as crianças são a melhor coisa do mundo e até já ouvi umas quantas almas dizerem que ser pai/mãe foi a coisa mais fantástica que lhes aconteceu na vida. A cada uma dessas declarações reajo sempre com pasmo e uma ligeira sensação de inveja. É que, devo confessar, não obstante a imensa paixão que nutro pela minha filha, ser pai foi/é a coisa mais difícil que alguma vez tive que fazer na vida. E não falo apenas das grandes questões - as dúvidas sobre o futuro, a completa alteração nos padrões de vida, a obliteração do Eu. Falo apenas das pequenas coisas - das fraldas, as unidoses de soro fisiológico pelo nariz, a tralha toda que se transporta para uma pequeníssima saída de casa, o preço das consultas do pediatra, as mil e uma variações de papas e leites e biberões. Essa imensa constelação de pequenos nadas que transformam a vida de um jovem pai num purgatório. Isto já para nem falar no verdadeiro quinto círculo do inferno chamado privação de sono... mas concentremo-nos nas pequenas coisas: o biberão. (Já agora, deixo aqui a questão se biberão ou biberon?) Encontrar o biberão adequado é uma verdadeira aventura digna de salteadores do biberão perdido. A correcta adequação entre tetina e recipiente, se tetina de silicone ou borracha, o centígrado da temperatura, depois a forma acertada de agitar o biberão para dissolver apropriadamente o pó para que não se formem grumos que entopem a tetina e aborrecem o bebé, e todos os pais sabem que um bebé aborrecido leva a choro que por sua vez leva a uma mãe enfurecida e a um pai no sofá da sala... adiante. Fazer um biberão é uma arte, ao nível dos melhores bartenders dos melhores clubes londrinos. Aquecer a água ou não aquecer, tê-la apenas tépida, por todo o pó de uma vez ou ir misturando lentamente, usar ou não usar uma vareta ou colher (há quem prefira usar um garfo), devidamente esterilizados obviamente, para misturar, agitar para cima e para baixo ou agitar de forma circular entre as palmas das duas mãos, ou ainda agitar de forma pendular com um jeito de pulso, juntar a doze correcta de papa de biberão... enfim, fazer um biberão não é só fazer um biberão é toda uma formação e cansaço... mas para cada pai estafado existe uma mãe preocupada com o casamento e recentemente a minha ofereceu-me este fabuloso instrumento: o Lump-free Blender da Béaba, que rapidamente se tornou no meu melhor amigo. Agora o biberão das cinco da manhã só me obriga a estar acordado até aos 180 ml de água, seis colheres de Aptamil 1 e três de papa de biberon Nutribén, o resto são as pás e as duas pilhas AA do Béaba. Agradeço e recomendo. É um verdadeiro salva-vidas.

5 comentários:

Anónimo disse...

"Fazer um biberão é uma arte, ao nível dos melhores bartenders dos melhores clubes londrinos"
como faz toda uma geração imediata - lol. lol lol.
muito bom broter!
as preocupações parentais só te fazem bem
abraço
brother

Pedro Arruda disse...

cheers mate, fico contente de te ver por aqui. :)

abraço

Sebastião disse...

microondas whirlpool, 240 ml de água, 45 segundos no máximo, 8 colheres de aptamil, agitas tipo shaker, alargas o furo da tetina com um alfinete para a coisa sair sem problemas e em 2 minutos estás despachado. Não tem que enganar.Cansam-se menos. Com o nosso é assim, vai funcionando em 90% das vezes, não quer logo come mais tarde:)
Abraço. Sebastião

Pedro Arruda disse...

Caríssimo Primo

vou testar essa técnica do alfinete, mas às escondidas da minha mulher ;)

quanto ao Blender recomendo, sempre se evitão as tendinites e as dores musculares do shaking...

abraço

Vitor Marques disse...

e ainda estás na fase do biberão. Vais ver que com o segundo e depois com o terceiro as coisas correm melhor :-)