quinta-feira, 28 de maio de 2020

Café Royal CLXXVI


O novo mesmo

Debelada a febre sanitária, a política começa a acordar para a gangrena económica. Por todo o lado, o que se vê e ouve é: recessão, depressão e crise. Acossados pelo troar dos cascos dos novos cavaleiros do Apocalipse – falências, desemprego, pobreza e fome – os políticos apressam-se, em afã mediático, a fazer passar a ideia de que estão empenhadíssimos na construção do “novo normal”. Vemo-los em reuniões e visitas e escutamos-lhes as declarações pesadas. Contudo, chegados cerca dos microfones, vemo-los a tirar as máscaras cirúrgicas, mas não deixam cair as outras, as máscaras do cinismo e da hipocrisia. Por detrás da falsa inquietação, continua o mesmo “business as usual”, os mesmos compadrios, os mesmos jogos de bastidores, os mesmos Novos Bancos, o mesmo e escabroso calculismo eleitoral que leva um Primeiro-ministro socialista a apoiar o mais demagógico e reaccionário Presidente da República da nossa democracia ou, o próprio Carlos Cesar a insultar publicamente Ana Gomes, uma das mais integras e competentes figuras do partido e candidata natural do PS às presidenciais. As nossas vidas mudaram, mas as deles continuam na mesma, preocupados apenas com ganhar eleições.


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