A “Questão Coimbrã” foi uma
das mais célebres polémicas da história nacional. Choque intelectual entre duas
gerações, opôs o jovem Antero de Quental e o velho António Feliciano de
Castilho. No cerne da disputa estavam duas concepções distintas do papel da
literatura na sociedade. Para Antero e a sua “Geração de 70”, a literatura
deveria ser o motor da revolução social, por oposição à visão imobilista e
ultrarromântica daquilo a que Antero chamou a “Escola do Elogio Mútuo” e cujo
centro era Feliciano de Castilho. Mas, mais do que uma disputa literária, esta
foi uma discussão política, marcada pela visão positivista ou, mais ainda,
socialista de Antero. Sabendo isto, é com enorme estupefação que vimos um
excerto da carta “Bom Senso e Bom Gosto”, de Antero, a epigrafar a Moção de
Estratégia de Alexandre Gaudêncio ao Congresso do PSD/Açores. Escolher Antero
como figura tutelar só pode significar duas coisas: ou Gaudêncio não sabe quem
foi Antero, o que é grave, ou pretende um PSD/A socialista e revolucionário, o
que seria surpreendente. Porém, o que as duas mostram é uma enorme e confrangedora
falta de cultura política e literária.
Em resumo
Há 56 minutos