quarta-feira, 31 de março de 2010

WWE

Alguns jornalistas e outros comentadores ficaram indignados com a alegada promessa de sova que um deputado da bancada do PS lançou via telefone a um seu colega da bancada do PSD na última sessão da ALRA. Eu por mim não percebo a indignação. Será que já ninguém lê os clássicos, basta ir ao velho Eça para perceber o quão virulentas eram as nossas assembleias no tempo da outra senhora. Aliás já que comemoramos o centenário da República talvez valha a pena fazer uma antologia dos arrufos, das bordoadas e outras bengaladas dos nossos parlamentos no fim da monarquia e na primeira república. Voltando aos nossos deputados permitam-me os meus amigos, ressalvando a devida nota de humor, propor o seguinte – uma segunda câmara ao melhor estilo WWE, com reuniões mensais onde os deputados possam libertar a tensão com golpes de vale-tudo. Já estou mesmo a imaginar o cenário: Alexandre “Twitter Man” Pascoal vs Artur “O Broca” Lima; Francisco “ Príncipe Valente” César vs Clélio “90” Meneses; José “Triple X” San-bento vs António “The Hundertaker” Soares Marinho. Seria uma óptima maneira de interessar os mais novos pela política…

P.S. mais logo ao serão estarei na RTP-A para comentar este e outros assuntos de elevado interesse.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Kardec aos 89'

Uma das belezas do futebol é a angústia, o sobressalto e a euforia das grandes noites. Como quando contra uma arbitragem tendenciosa e uma equipa matreira vimos de trás na eliminatória e no último minuto ganhamos o jogo, com garra, com espectáculo e, acima de tudo, com bom futebol. Foi esse o Benfica desta noite e eu fico feliz por isso.

terça-feira, 16 de março de 2010

valham-nos os sabores

Isto da política está pela hora da morte. Raios, todo o país parece que se esvai. Ando á dias a congeminar posts sobre congressos, rolhas, Passos, perdões, Jardins, microondas, as Caldas da Rainha, Boys, suicídios e outras desgraças (umas mais verdadeiras, outras mais tristes, outras, ainda, mais desavergonhadas...), mas manifestamente não se consegue. Não há condições. O nó no estômago, com o estado das coisas, é tal que não há dedos que teclem...


Regressemos então às coisas simples, as coisas que realmente valem a pena – comida, bebida, música e outros afectos.

A injustiça é minha que há meses acompanho estes blogues mas ainda não lhes tinha feito a devida vénia. Constam já da lista de leituras regulares. Creio que são senhoras da Terceira que tem a enorme generosidade de partilhar connosco na net receitas diariamente, da sua alquimia nasceu um projecto fascinante e apropriado aos nossos tempos de penúria chamado 4 por 6 que faz hoje um ano, merece genuinamente o bolo de parabéns.

http://cincoquartosdelaranja.blogspot.com/
http://caosnacozinha.wordpress.com/
http://elvirabistrot.blogspot.com/

segunda-feira, 8 de março de 2010

dia internacional da mulher


Heidi Klum, revista DT de Fevereiro de 2010.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Piadas de ocasião

Ao que dizem os jornais, a opinião pública alemã, tendo como porta-voz o Bild e os deputados do liberal FDP, aconselharam o governo Grego a vender algumas das suas ilhas para equilibrar o défice e vencer os problemas financeiros do país. Pondo de lado a óbvia arrogância germânica, fica a impressão de que os próprios alemães não se aperceberam ainda da sua posição na Europa. Basta ir a Creta, ou passear na baixa de Quarteira para compreender que há muito que isto foi vendido ao norte da Europa. Aliás, veremos se quando Portugal chegar ao fundo do fundo, como a Grécia, os nossos amigos escandinavos não quererão comprar os Açores a retalho – o Grupo Oriental aos finlandeses; o Grupo Central aos suecos e dinamarqueses; e o Grupo Ocidental aos noruegueses, que assim como assim também não fazem parte da União Europeia.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A liga dos pais extraordinários


Dizem as convenções que as crianças são a melhor coisa do mundo e até já ouvi umas quantas almas dizerem que ser pai/mãe foi a coisa mais fantástica que lhes aconteceu na vida. A cada uma dessas declarações reajo sempre com pasmo e uma ligeira sensação de inveja. É que, devo confessar, não obstante a imensa paixão que nutro pela minha filha, ser pai foi/é a coisa mais difícil que alguma vez tive que fazer na vida. E não falo apenas das grandes questões - as dúvidas sobre o futuro, a completa alteração nos padrões de vida, a obliteração do Eu. Falo apenas das pequenas coisas - das fraldas, as unidoses de soro fisiológico pelo nariz, a tralha toda que se transporta para uma pequeníssima saída de casa, o preço das consultas do pediatra, as mil e uma variações de papas e leites e biberões. Essa imensa constelação de pequenos nadas que transformam a vida de um jovem pai num purgatório. Isto já para nem falar no verdadeiro quinto círculo do inferno chamado privação de sono... mas concentremo-nos nas pequenas coisas: o biberão. (Já agora, deixo aqui a questão se biberão ou biberon?) Encontrar o biberão adequado é uma verdadeira aventura digna de salteadores do biberão perdido. A correcta adequação entre tetina e recipiente, se tetina de silicone ou borracha, o centígrado da temperatura, depois a forma acertada de agitar o biberão para dissolver apropriadamente o pó para que não se formem grumos que entopem a tetina e aborrecem o bebé, e todos os pais sabem que um bebé aborrecido leva a choro que por sua vez leva a uma mãe enfurecida e a um pai no sofá da sala... adiante. Fazer um biberão é uma arte, ao nível dos melhores bartenders dos melhores clubes londrinos. Aquecer a água ou não aquecer, tê-la apenas tépida, por todo o pó de uma vez ou ir misturando lentamente, usar ou não usar uma vareta ou colher (há quem prefira usar um garfo), devidamente esterilizados obviamente, para misturar, agitar para cima e para baixo ou agitar de forma circular entre as palmas das duas mãos, ou ainda agitar de forma pendular com um jeito de pulso, juntar a doze correcta de papa de biberão... enfim, fazer um biberão não é só fazer um biberão é toda uma formação e cansaço... mas para cada pai estafado existe uma mãe preocupada com o casamento e recentemente a minha ofereceu-me este fabuloso instrumento: o Lump-free Blender da Béaba, que rapidamente se tornou no meu melhor amigo. Agora o biberão das cinco da manhã só me obriga a estar acordado até aos 180 ml de água, seis colheres de Aptamil 1 e três de papa de biberon Nutribén, o resto são as pás e as duas pilhas AA do Béaba. Agradeço e recomendo. É um verdadeiro salva-vidas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

das "notícias" e dos directos...

Não há nada de que os vendedores de jornais gostem mais do que de uma catástrofe. Cada tsunami, aluimento ou tremor de terra contabiliza logo mais não sei quantos milhões de exemplares vendidos ou mais não sei quantos pontos nos índices de audiências. E, isso é tudo o que um CEO de uma empresa que vende "notícias" quer ouvir. Aqui há dias, o Dr. Alberto João Jardim, do alto da sua circunstância e fiel ao seu figurino, lançou à Judite de Sousa, para quem não sabe uma proeminente jornalista do Canal 1, (uma espécie de Miguel Sousa Tavares de saias, blush e eyeliner) a seguinte atoarda – a senhora vai-se calar que eu vou dizer o que quero e vocês jornalistas vão mas é piar fininho! Não foi bem assim, mas é como se fosse. Hoje morreram duas pessoas numa grota no Nordeste. Mais do que o temporal, a chuva, o vento ou o fatídico acidente o que invadiu as rádios e as televisões em cada noticiário, em cada repetido directo, foi a hipótese de sangue, a ânsia de sofrimento, o desejo de dor. O lugar da informação foi ocupado vampirescamente pela voracidade do espectáculo. O decoro, essa arte antiga, que requeria respeito e contenção, foi contemporaneamente derrubado pela alarvice do em-directo-da-rua-que-vai-dar-à-grota-onde-parece-que-morreu-uma-criança-e-o-pai-e-mais-duas-crianças-ficaram-feridas... "Dois pais nossos e três aves marias" por concordar com o Alberto João, mas ao jornalismo o que é jornalismo e à pornografia o que é ...

mas o pior talvez seja que para cada jornalista com fome de sensacionalismo haja logo atrás um político com ganas de populismo...

sic transit gloria mundi