Nas últimas semanas a agenda noticiosa viu-se tomada pelas discussões do
Orçamento. O assunto, já estéril de si, tornou-se ainda mais esdrúxulo com a
sua redução ao ping-pong dos cifrões e, pior, à ausência de questões. No atual
discurso político e jornalístico, os debates sobre planos e orçamentos
tornaram-se numa batalha de milhões para cá, milhões para lá, sem explicação ou
contraditório. Investimento, receita, défice e outros tantos jargões de
economicês são, hoje, a litania dos tarefeiros da politiquice e dos precários
do jornalismo. Os governos anunciam não sei quantos milhões para isto e aquilo,
sem indicar como, nem onde, nem, mais importante, porquê e para quem, e os
jornalistas, que deviam, obrigatoriamente, fazer a destrinça, engolem e não
questionam. É como se as nossas vidas, as pessoas e toda a sociedade, se pudessem
reduzir a folhas de Excel, convenientemente formatadas e incontestáveis. São
aos pontapés os exemplos de cifrões atirados ao ar pelos gabinetes de
comunicação, que depois tem explicação zero… Ou, então, o exemplo do
Vice-presidente que anuncia a pretensão de limitar a 12 anos o tempo máximo de
desempenho de cargos de chefia na Administração pública e ninguém pergunta como,
nem porquê ou, já agora, porque não o mesmo limite para o desempenho do cargo
de vice-presidente?
Em resumo
Há 1 hora