segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

do Orçamento e outras questões eleitorais

Ao que tudo indica o Governo vai ver o seu Orçamento de Estado aprovado pela “abstenção construtiva” da direita parlamentar. É claro que depois da verdadeira inundação de discurso catastrofista, levada a cabo nos media, devidamente apoiada nos relatórios das agencias internacionais, sobre o quanto pior do que a Grécia é Portugal tudo apontava para uma solução de acordo à Direita do espectro político. Aliás, dado o quadro, não podia ser de outra maneira, mas esta opção levanta várias questões eleitorais. O Primeiro-ministro Sócrates mostra mais uma vez a sua tenacidade e pragmatismo político, escudado num discurso da situação do país consegue a sustentabilidade do seu Governo para até depois das presidenciais encostando Cavaco à sua própria declaração de entendimento. E, ao mesmo tempo, encurrala a esquerda (ou as outras esquerdas...), com Alegre pelo meio, num beco sem saída. Do ponto de vista da tarefa de Primeiro-ministro, é uma verdadeira vitória. Mas resta saber se Sócrates consegue também ser um bom Secretário-geral do PS. É que a estratégia agora seguida para o orçamento salva-lhe o Governo, mas pode ao mesmo tempo significar a reeleição de Cavaco e uma delapidação ainda maior do eleitorado, dito de esquerda, do PS. Ficam duas perguntas: Achará Sócrates que o melhor presidente para si é Cavaco? E o que fará Cavaco (e a sua entourage) com um segundo mandato?
Enfim, coisas do país político. Agora vou ali fazer a sopa da bebé.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Obama



Dizem os calendários que hoje se cumpre um ano da presidência da Barak Obama. Para surpresa de todos o mundo continua perigoso. Afinal, apesar da saudável embriaguez de tanta “Hope” e “Change” continuam as guerras e as Guantanamos, a pobreza e a crise, os terramotos, a incapacidade de assinar um acordo global sobre as alterações climáticas, etc., etc., Tudo está como tem que estar quando governado por pessoas. É caso para perguntar aos politólogos se é ético resumir todo um programa político ao poder de duas palavras. E ao que parece a estratégia vai-se repercutir por esse mundo fora, com todo e qualquer aspirante a líder a copiar a retórica e a prometer “Mudar” (resta saber o quê?) e a alardear “Esperança” (também convinha saber em quê?). É bom andar nas nuvens, o problema é quando se cai delas. É que até os castelos dos contos de fadas são feitos de pedras que fazem estrondo nos terramotos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

coisas realmente importantes

O navio escola Sagres partiu hoje para mais uma volta ao mundo e isso faz toda a diferença...


O país do croquete

Nada é mais representativo do que é Portugal do que a notícia de que Cavaco vai apor a Grã-cruz da Ordem de Cristo, pelo exercício de funções públicas de alto relevo, ao ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz; ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa; ex-secretário de Estado da Cultura; ex-primeiro Ministro; ex-presidente do Sporting Clube de Portugal (não sei se é mais ex-qualquer coisa…); actual vereador da Câmara Municipal de Lisboa Pedro Santana Lopes. Não fosse isto triste e trataríamos de rir com a ironia. Santana Lopes é como o Dólar, umas vezes desvaloriza, outras sobe, mas nunca sai de moda. Cavaco,esse,mostra o que é, um politicozinho enredado nas teias do maquiavelismo bacoco da política pátria, debaixo de uma mascara espúria de grande e impoluto professor de finanças apenas preocupado com a salvação da nação. Nada mais falso. Todos estes gestos, não são mais do que a comprovação de que este país se satisfaz com salamaleques e vénias, sorrisos de fachada e politica do croquete. Hoje levas um carolo amanhã sou o teu melhor amigo. E é claro que Santana Lopes vai aceitar a comenda, fazendo de conta que era outra a má moeda. Triste também é que isto pode ser a visão benévola da coisa, se eu quisesse ser mauzinho apontava ao que o Sr. Presidente nos diz, com esta honraria a Santana Lopes, sobre o que pensa sobre a sobrevivência do “seu” partido. Pobre PSD que vive com gente desta.

Nota insular para registar que na mesma cerimónia são também agraciados, e pela mesma razão, dois antigos Presidentes da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Madruga da Costa e Fernando Menezes. É este o país que temos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Alegre ao vento

Não há necessidade nenhuma de o dizer, mas nutro simpatia e apreço por Manuel Alegre. Num tempo de demasiados cinzentos é sempre estimulante ver alguém que aponta os pretos e os brancos. Mas nem só de ousadia, ou teimosia e ganância, neste caso, se faz a história, ou o poema. A entrada extemporânea de Alegre na corrida presidencial dá a nítida sensação do corredor de meio fundo que saltou antes do tiro de partida. Fez depropósito e desestabilizou o resto do pessoal que estava na linha de partida. Mas agora é óbvio que vão todos ter que partir outra vez. Inclusive o próprio. Olhando as notícias, as acusações e subentendidos, que correm por aí nestes dias fica-me uma sensação de nostalgia pelo sistema das primárias americanas. É que no caso português serviria para esclarecer muitas dúvidas. Depois há a questão da esquerda ou das esquerdas nacionais, mas isso é matéria para outros posts. Para já esperamos que Alegre volte à linha de partida.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Novos começos

Há já vários dias que ando a matutar na ideia de regressar aos blogues. Não porque considere que as razões que me levaram a uma sabática grande da blogoesfera estejam totalmente ultrapassadas, mas porque o bichinho de ruminar sobre a espuma dos dias contínua lá, mexendo-se. E a decisão de que o regresso teria que ser a solo também já estava tomada, dai até ao nome foi uma lista grande de sins, talvezes e nãos. Depois paro na ideia de Açoriano Acidental, que me parecia resumir muito do que poderia ou deveria ser um novo blogue a solo. Criado o header, sigo para o primeiro post e só depois constato que o nome já estava registado e aí volto à estaca zero. E então AZOREAN SPLENDOR, numa homenagem a Harvey Pekar e ao meu amor por BD. Porque no fundo os blogues não são mais do isso – a espuma da história das nossas vidas. Este será da minha.

Ser de lugar nenhum

Uma das minhas maiores paixões é o mar. Mais especificamente as ondas. Foi por causa das ondas que, em determinada altura da minha vida, decidi viver nos Açores. Foi também por causa das Ondas que me iniciei na blogoesfera, no distante ano de 2003. Há dias, levado por uma polémica estúpida escrevi um texto num outro blogue, sobre a condição de ser de lugar nenhum. Esta é a minha condição e sei que sou açoriano porque podia ser de outro lugar qualquer. Regressar à blogoesfera, em particular ao blogoarquipélago, é no fundo e apesar do lodo, regressar à esperança de que seja possível discutir e pensar os Açores, assim como outro sítio qualquer, com a mesma paixão e desprendimento com que se conquista uma onda.