A Enfermaria
Tirando os benefícios de lavar ou desinfectar as mãos com
frequência, pouco há, sobre esta malfadada pandemia, que gere consenso na
comunidade científica. Por esse mundo fora, médicos e epidemiologistas debatem-se
com mais dúvidas do que certezas. Mas, nos Açores a Autoridade de Saúde acha-se
detentora da mais alta sabedoria e das melhores e comprovadas “boas práticas”,
alardeando-se mesmo o epiteto de salvadora das ilhas do infecto bicho. Mesmo
que o seu único remédio para a contenção da pandemia seja recusar-lhe o visto
de entrada. Porém, incapaz de mandar suster a vida, a Autoridade de Saúde
Regional entretém-se a ordenar a detenção de todos os desafortunados cidadãos
que, por azar, se sentam no lugar errado do avião. E ainda se lamenta, com inaudita
arrogância, da interferência abusiva dessa coisa maçadora chamada Estado de
Direito na sua cruzada abnegada em prol da saúde-pública. Desde os idos de Março
que nos Açores vivemos, por resolução do governo, sob a égide do fascismo
sanitário e nas mãos de quem vê no confinamento e no “isolamento profiláctico”
as grandes armas de combate à doença e que acha que o mundo todo não é mais do
que uma imensa enfermaria.