Sua Eminência
Numa cândida entrevista ao Diário Insular Tiago Lopes
confessa que, ao longo destes penosos meses de pandemia, o seu principal pânico
e o primordial foco das draconianas medidas por si tomadas era, não mais do que,
impedir o colapso do Serviço Regional de Saúde. O alfa e o ómega das cercas,
dos confinamentos, do descontinuar da actividade médica normal e do grande
fechamento das ilhas era escapar ao desmoronar de um já de si periclitante SRS.
Em nenhum momento é feita qualquer referência, é expressa qualquer emoção, às
profundas e catastróficas consequências da pandemia, e das suas opções enquanto
responsável, no tecido económico e social da região. É como se a plenitude da Vida
dos açorianos, que comporta o dia-a-dia, as empresas e as escolas, as crianças,
os trabalhadores e os idosos, se pudesse reduzir ao mero número dessa estatística
vã dos casos activos e das cadeias de transmissão. Sua Eminência Reverendíssima
da Autoridade de Saúde Regional chega a dizer que “já estamos fora da crise”.
Ora, desde os idos de Março, o que realmente assusta, é essa incapacidade em
perceber a exacta extensão do que está a acontecer e em compreender que a crise,
a verdadeira, aterradora e obliteradora crise, está apenas a começar…