a malta não tem Twitter. Não surfa a rede e emprenha pelas redes sociais.
No café, entre duas minis e um pingado, a malta olha os dias entrecortados de
chuva e sol e sente a mudança do clima na força do mar que bate nas rochas. Não
são precisos vídeos do Youtube para perceber a seca ou a chuva que já não chega
na estação certa. No café, o Panteão é o da memória. Das histórias partilhadas
que fazem viver os exemplos dos que nos precederam. Das imagens que se guardam
e se transmitem pelas gerações. No café não há sarcófagos invioláveis e
estátuas sacralizadas, como nas mais inefáveis ditaduras. No café, a malta
espreita os rodapés dos noticiários e suspira. Que país este em que se perdem
dias e horas a debater o supérfluo. Onde pessoas, na sua desgraça, são selfies
para um presidente que fez da vaidade um argumento político. Onde o primeiro-ministro
não se sabe dar ao respeito de não mentir e, principalmente, não governar pelo
vento do Facebook. Onde se consegue auditar um Orçamento em 48 horas e
secretários regionais resumem as nossas vidas a mais ou menos milhões de
questionáveis investimentos, como se as nossas vidas se pudessem resumir a
meros cifrões feitos lápides no cemitério árido da eleitoralice…
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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