“Na Região Autónoma dos
Açores, no mês de junho, as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros registaram
um decréscimo homólogo de 6,1%.” Começava assim o destaque do SREA sobre o
Turismo. Visto assim, e para quem souber ler estes áridos documentos, o que
fica é que a evolução do Turismo na Região está a desacelerar, se não mesmo a
estagnar, depois dos enormes crescimentos, de mais de 20%, a que assistimos
desde a liberalização do espaço aéreo. Esta semana, num esforço pueril de
mascarar os números, o SREA agitou-nos a bandeira de que as dormidas em AL
tinham crescido 32,5% no primeiro semestre deste ano. Por melhor que isto seja,
a dura realidade é que o AL apenas representa cerca de um quarto do total de
dormidas da região. E, verdadeiramente preocupante, é o facto de, em Junho, a
taxa de ocupação na Hotelaria Tradicional ter sido, apenas, de 62%. Se
juntarmos a isto o facto de as dormidas de estrangeiros terem caído quase 10%
temos os dados suficientes para estarmos todos muito, mas mesmo muito,
preocupados. Oxalá o Governo já tenha pedido a devida auditoria externa…
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Café Royal LXXXVI
Comunhão
Imagine o leitor que não havia hortênsias, azáleas, beladonas, na berma da estrada. Extinguiam-se as longas e perfumadas escarpas de conteiras. As misteriosas matas de criptoméria. Imagine que não havia muros de pedra seca tecendo as montanhas com laboriosas esquadrias. Que se evaporavam as vacas. Desapareciam os portos, os portinhos, as poças e piscinas e todos os caminhos abertos até ao oceano, onde hoje tomamos lentos e uterinos banhos de mar. Imagine os Açores de novo ilhas selvagens cobertas de espessa floresta Laurissilva, explodindo em erupções vulcânicas. É difícil, hoje, imaginar os Açores sem a mão humana. Imaginar as ilhas sem quinhentos anos de esforço, ambição, engenho e necessidade do Homem, na construção de uma possível comunhão com a Terra e o Mar. Claro que houve erros, atropelos e exageros. Mas, quando hoje todos falam de turismo e de preservação, poucos parecem querer aceitar que o nosso maior, e mais valioso, Património é o dessa História de construção com e na Natureza, que fazem dos Açores aquilo que hoje verdadeiramente são. E é o legado dessa História que temos a obrigação de preservar…
in Açoriano Oriental
Imagine o leitor que não havia hortênsias, azáleas, beladonas, na berma da estrada. Extinguiam-se as longas e perfumadas escarpas de conteiras. As misteriosas matas de criptoméria. Imagine que não havia muros de pedra seca tecendo as montanhas com laboriosas esquadrias. Que se evaporavam as vacas. Desapareciam os portos, os portinhos, as poças e piscinas e todos os caminhos abertos até ao oceano, onde hoje tomamos lentos e uterinos banhos de mar. Imagine os Açores de novo ilhas selvagens cobertas de espessa floresta Laurissilva, explodindo em erupções vulcânicas. É difícil, hoje, imaginar os Açores sem a mão humana. Imaginar as ilhas sem quinhentos anos de esforço, ambição, engenho e necessidade do Homem, na construção de uma possível comunhão com a Terra e o Mar. Claro que houve erros, atropelos e exageros. Mas, quando hoje todos falam de turismo e de preservação, poucos parecem querer aceitar que o nosso maior, e mais valioso, Património é o dessa História de construção com e na Natureza, que fazem dos Açores aquilo que hoje verdadeiramente são. E é o legado dessa História que temos a obrigação de preservar…
in Açoriano Oriental
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
Café Royal LXXXV
Vulnerabilidade
Steve
Bannon, espécie de Maquiavel de Donald Trump, criou um movimento pan-europeu de
apoio aos partidos populistas, tendo na mira as eleições para o Parlamento
Europeu. O objectivo é ter deputados suficientes para, como um “cavalo de Troia”
político, destruir por dentro o ideal europeu – uma comunidade de estados e
nações unidos, em prosperidade económica, no respeito fundamental pelos direitos
humanos e pelos valores da liberdade. A maior vulnerabilidade
da Democracia está, precisamente, na defesa da Liberdade face aos ataques dos
demagogos, que se alimentam da ignorância e do desespero dos cidadãos, como um
incêndio de gasolina. O organizador da afamada Web Summit convidou Marine Le Pen
para oradora e defende o seu convite com a “liberdade de expressão”. Hoje, mais
de 100 diferentes jornais americanos, numa iniciativa organizada pelo BostonGlobe, publicam editoriais e artigos de opinião defendendo a imprensa livre e
acusando Trump de, ativamente, tentar destruir a credibilidade da imprensa e
com ela o pluralismo democrático. Não há Democracia sem Liberdade, mas a
Liberdade não pode (nunca!) ser posta ao serviço dos seus piores inimigos!
in Açoriano Oriental
in Açoriano Oriental
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
Café Royal LXXXIV
Boli
É um dos mais célebres e
bem conseguidos sketches dos saudosos Gato Fedorento. Ricardo Araújo Pereira a
fazer de Professor Marcelo durante a primeira campanha para a despenalização do
aborto. Sou a favor, mas sou contra. Pode, mas não pode. É, mas não
é…ridicularizando os posicionamentos dúbios de Marcelo, que se esforçava (ainda
hoje) por estar sempre bem com Deus e com o Diabo. Ora, o momento eleitoral
interno do PSD Açores teve, ontem, o seu primeiro episódio Gato Fedorento. José
Manuel Bolieiro, que havia sido apresentado como apoiante de Nascimento Cabral
e futuro coordenador de um dito Conselho Consultivo, veio depois dizer,
atabalhoadamente, que, afinal, é equidistante. Concorda e está disponível, mas
não o faz, nem fará. Espera que todo o processo eleitoral do PSD se paute pela
elevação, mas é o primeiro a dar uma canelada na candidatura de Nascimento
Cabral e não sem deixar implícito que ele próprio é putativo candidato a
candidato, mas só quando a maçã socialista já estiver podre no chão. Para já,
Boli, como é popularmente conhecido, deixa-se estar confortavelmente
refastelado num casulo de seda branca. Marcelo não faria melhor!
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
Café Royal LXXXIII
Silly
De acordo com o Oxford
English Dictionary silly é ter ou
demonstrar falta de senso comum ou de juízo. Um termo relacionado é foolish que em português se pode
traduzir como tolo. A utilização mais notória da expressão silly é a que a associa ao Verão, a célebre “silly season” ou “estação tolinha”. A origem da expressão remonta à
Inglaterra de meios do seculo XIX quando, no Verão, os trabalhos do Parlamento
entravam em pausa, levando a que os jornais tivessem menos matéria noticiosa e
as páginas dos periódicos fossem atafulhadas com coisas tontas. Para os que,
como eu, um pouco masoquistamente, gostam de ler jornais e de seguir as
notícias ao longo do ano, nesta era das “fake
news”, dos memes do Facebook, do Twitter e de todo esse enorme rol de parvoíces
que ocupam as manchetes de todos os dias, não pode deixar de nos açoitar uma
estranha e pesarosa sensação de que, nos dias que correm, a “estação tolinha” já
não é uma maleita só dos meses quentes, mas uma doença crónica, que se estende
pelo ano todo, como se a vida e o espaço público estivessem governados pela estupidez…
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