O longo Inverno
O italiano Antonio Gramsci, um dos pais do socialismo
moderno, dizia ser “um pessimista pela inteligência e um optimista pela vontade”.
Ao ver os parcos resultados da atribulada reunião do Conselho Europeu, recordei
essa inspirada máxima, de um dos seus escritos da prisão, à qual foi condenado
pela ditadura fascista e onde viria a passar os derradeiros anos da sua vida. Ao
contrário do que nos querem fazer acreditar os líderes europeus, com os seus
discursos laudatórios, o resultado dessa longa maratona negocial, não foi um êxito,
muito menos um passo em frente na construção europeia. O que se exigia de uma
União Europeia, neste momento pivô das nossa vidas, era alcançar um simples consenso
e o que ficou demonstrado foi que a UE é incapaz de atingir tal desiderato. Até
os muitos milhões de € anunciados em tom triunfante são, pela sua origem, pela
forma como serão distribuídos, como pelos critérios da sua aplicação, tudo
menos uma resposta solidária a esta crise devastadora que se vai estendendo
sobre nós como o manto de um longo inverno nuclear. Dentro de cada um de nós há
uma vontade de optimismo, mas a inteligência obriga-nos a perceber que o pior
ainda está para vir…
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