É certamente um chavão repetir que a arte imita a vida ou o contrário, mas nestes dias em que o mundo parece padecer da sua própria voracidade e em que os zappings televisivos nos forçam a mergulhar numa letargia deprimida por força da rapidez da sua auto transformação e em que os desígnios da política e da governação nos pretendem fazer crer que tudo se esgota na discussão pueril de escândalo sobre escândalo, nestes dias, conforta constatar que ainda existe algo para lá da espuma.
No público de hoje Luís Francisco traz-nos a história por detrás da notícia rocambolesca do avião que se despenhou em Tires na semana passada. Para lá da inverosimilhança, o que só adensa o seu potencial romanesco, fica de facto a emoção de uma trama cinematográfica real e nesse cruzamento entre o real e o literário, o metafórico, há o sublime de uma vida que se prende, e perde, num minuto e de um minuto que marca toda uma vida. Isso é tudo o que precisamos nestes dias, compreender a eternidade de cada minuto em vez de gastarmos tudo na futilidade de poucos minutos.
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