Após a chegada aos
campos, transportadas, aos milhares, em vagões de gado, as pessoas eram
separadas em duas filas, homens e mulheres. Eram depois inspecionados por
médicos. Todos os maiores de 14 anos, considerados aptos para “trabalhar”, eram
postos de um lado. Os restantes iam para as câmaras de gás. Em “Sophie’s Choice”, filme de Alan J.
Pakula, este drama de separação e morte, de animalesca desumanização do Ser, é
individualizado de forma pungente por Meryl Streep, Sophie, uma emigrante
polaca na América do pós-guerra, que carrega permanentemente dentro de si a
insuperável culpa da sua escolha. Ao chegar a Auschiwtz, Sophie é forçada pelos
SS a escolher qual dos seus dois filhos irá morrer e qual irá “viver”. Setenta
anos depois, assistimos, com pasmo e pavor, a barcos com migrantes a serem
impedidos de atracar em portos europeus, ao recenseamento e expulsão de
minorias ciganas, e a crianças a serem separadas dos pais na fronteira dos EUA.
Uma reprodução insana e incompreensível da bárbara desumanização a que
assistimos no passado e que nos coloca perigosamente próximos desse horror
absoluto que creríamos irrepetível.
quinta-feira, 21 de junho de 2018
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