Racismo de classe
Portugal não é, nunca foi, racista. A maior prova desse
não-racismo nacional é a miscigenação. Ao contrário de outros povos, a
disseminação dos portugueses pelo mundo fez-se pela comunhão intelectual,
social e sexual entre raças, povos e culturas. Portugal foi o primeiro país a
abolir a escravatura. E, como já alguém disse, em tom libidinoso, a maior
dádiva de Portugal ao mundo foi a mulata… Vêm isto a propósito da discussão em
torno de um texto lastimável de Maria de Fátima Bonifácio, no jornal Público,
sobre raças, culturas, civilizações e, pasme-se, “cristandade”. O mal que afecta
o espírito nacional não é o racismo, é o classismo. Portugal é, ainda, um país
contaminado pelos resquícios do feudalismo e do Estado Novo, que se enoja com a
pobreza, mas não a combate e de “senhoras” e criadagem separadas por vestíbulos
obscuros. Só que hoje, nos bairros chiques de Lisboa, as criadas são todas
negras. Não vale a pena rebater o discurso racista, mas convém lembrar que,
como diz o slogan das campanhas contra as alterações climáticas: “Não há
Planeta B” e vivemos todos neste planeta, brancos, negros, vermelhos, amarelos,
e a Sra. Bonifácio também…
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