Harold Bloom
Faleceu, esta semana, aos 89 anos, o mais importante crítico
literário da contemporaneidade. Harold Bloom foi o inventor do chamado “Cânone Ocidental”
– um corpo literário autónomo e robusto que, desde a antiguidade clássica aos
nossos dias, com Shakespeare como vértice, representa o legado cultural da
nossa civilização. Esta teoria, muitas vezes mal interpretada, levou a que
fosse atacado pelos membros daquilo a que Bloom classificou como as “escolas do
ressentimento”. Muitos dos que o atacaram, com base em revisionismos
ideológicos e identitários, esqueciam a importância dos seus muitos contributos
para a cultura, nomeadamente a tese, apresentada em “The Book of J”, de que os
primeiros escritos hebraicos, que compõem o Antigo Testamento, teriam sido
escritos por uma mulher. Ou, a sua teoria da “Angústia da Influência”. Numa
época em que com 280 caracteres se consegue governar o mundo, Bloom merece,
mais do que nunca, ser lembrado, pela sua defesa intransigente do prazer da
leitura, e da importância maior que a literatura tem na expressão da condição
humana ou, como o próprio referiu com relação a Shakespeare, a “invenção do
humano”.
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