Ana Gomes
Estes 46 anos de evolução do nosso regime democrático trouxeram-nos
a uma espécie de encruzilhada política. A democracia, que, na sua génese, é a
governação pelo povo, foi capturada pelos partidos, transformando o país numa
partidocracia e, em alguns casos extremos, como o nosso, numa oligarquia político-partidária
com laivos antirrepublicanos e quási monárquicos. Esta captura do regime pelos
directórios partidários, grande parte deles já de si capturados por uma miríade
de interesses económicos, empresariais e outros aventais, permitiu a
disseminação de vastas redes de compadrio e de corrupção, que contaminaram o sistema
desde o mais pequeno Presidente de Junta ao mais popular Presidente da
República. A hora é de que o mais alto magistrado da Nação seja alguém para
quem a política não é um modo de vida, nem uma forma de ganhar a vida. Nem uma
profecia de infância do tempo do outro marcelismo, de má memória. Nem, tão
pouco, um jogo fétido de populismo basal protofascista ou de uma sucessão de
cinismos, como o que leva a direcção do PS, num gesto desprezível, a declarar loas
ao mais invertebrado Presidente que este país já viu. A hora é de quem veja a
política com ética e valores. A hora é de apoiar Ana Gomes.
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