Talibanização
Esta semana, depois de seis meses de clausura, crianças, jovens,
professores, auxiliares e todos os outros intervenientes do universo escolar,
regressaram ao ensino presencial. Este deveria ser um momento de regozijo e de
reconquista de direitos fundamentais, como o direito à educação. Porém, a ditadura
do medo, que teima em não nos abandonar, não permite tal alegria. Quem olhe, mesmo
que de relance, para as circulares normativas, os planos de contingência e todos
os outros documentos orientadores do regresso às aulas não pode deixar de
lançar um suspiro de lamento pela imensa vaga de restrições, imposições e
proibições que estão a ser forçadas à comunidade escolar. O regresso às aulas
era, só por si, fundamental para minorar as profundas desigualdades expostas
pelo ensino virtual dos últimos meses, mas é assustador perceber o rol de
distanciamentos, de setas no chão, filas indianas, máscaras, mais toda a enorme
panóplia de orientações, dignas de um manual da Mocidade Portuguesa, que tornam
este início de ano escolar numa espécie de talibanização das escolas. A Escola
deixou de ser um lugar de partilha, de convivência e de crescimento, para ser uma
espécie de poço higienizado, regido sob a inclemente Sharia das autoridades
sanitárias.
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