Nota de Abertura
Em “A Ideia de Europa” George Steiner exalta a importância que os cafés, e a cultura a eles subjacente, tiveram na construção de um ideário europeu. De Lisboa a Budapeste, os cafés foram um ambiente privilegiado para o debate de ideias, a liberdade de expressão, a transmissão de conhecimento, funcionando como uma espécie de elo identitário daquilo que viria a ser uma ideia de Europa. Uma Europa fundamentalmente humanista e liberal. Agora que assistimos, em ecrãs tácteis, em formato meme, ao baptismo do séc. XXI, em que o debate de ideias é subjugado pela ditadura do algoritmo, pela reemergência de todo o tipo de radicalismos, populismos e conformismos, torna-se cada vez mais importante relembrar esses valores e essa forma de ver a própria Europa. Mesmo aqui, neste Café Royal, lembremos que não estamos isolados do mundo, que importa não abdicar de fazer ouvir a nossa voz, defendendo as liberdades individuais, pensemos a forma como nos posicionamos na vida, procurando o bem e combatendo as inúmeras corrupções que hoje destroem os verdadeiros valores europeus. Citando George Santayana, “aqueles que não se conseguirem lembrar do passado estão condenados a repeti-lo.” E nunca estivemos tão perto de repetir dolorosamente o passado como hoje.
texto da primeira crónica no Açoriano Oriental
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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