Na volta do
tempo regressa o Verão. Regressam os dias cálidos, banhados de sol e mar e do
riso das crianças. Volta o Verão e a vontade de sal e de mergulhos infantis na
fluidez das águas. No último fim-de-semana regressámos ao mar, demos mergulhos,
as crianças correram pela areia e esbracejaram em translúcidas piscinas, com a intuição própria da
infância. Na ilha, onde não há primavera, onde o inverno se desfaz subitamente
na incidência do calor, é o corpo que acode à mudança. É a pele que acolhe em
cor a força da luz. Longe vai o tempo em que o mar, a cadência das ondas, era para
mim uma constante permanente. Sem o calendário das estações, sem a voracidade
das obrigações do dia-a-dia, das pequenas coisas estupidamente transformadas em
grandes, esquecidos, pela força imposta do quotidiano da vida, que é nos
momentos puros que chegamos à razão de Ser, à razão do Ser. Fui levado, ou
deixei-me ir, nessa enxurrada cega das preocupações diárias, das contas para
pagar, dos horários fixos, das obrigações fúteis? Em que momento perdi de vista
o prazer das coisas límpidas e verdadeiramente importantes? Não procuro morrer
para voltar ao mar como disse Sophia. Regresso ao mar, pela mão do amor e das
crianças, para resgatar antes a vida dessa quase morte das pequenas coisas quotidianas.
Retomando a conversa
Há 15 horas
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