Sobre a “questão” catalã, há dois aspetos que importa destacar. 1.º O
papel das “esquerdas” – os ideais progressistas são, iminentemente, universalistas,
(veja-se a Internacional Socialista). Balcanizar estes ideais em problemáticas geográficas
ou, mais grave ainda, nacionalistas, é uma contradição e provoca uma erosão da
sua condição humanista, condenando-os a mero contraponto regional dos imperialismos
capitalistas que deviam combater. 2º A União Europeia – ao se agarrar, de forma
cega e surda, a uma ideia de estados-nação, inamovíveis e imutáveis, aumenta o
fosso que a separa dos cidadãos colocando, ainda mais em dúvida, aos olhos das
pessoas, a sua utilidade. A discussão sobre a independência da Catalunha, ao
tornar-se numa batalha entre progressistas e conservadores, representa uma
sul-americanização do debate político europeu, em que duas ideologias
diferentes, sob a bandeira da autodeterminação, lutam não já por um ideário político
concreto, mas apenas por um quinhão geográfico de poder. Porém, é aqui, na síntese
destes dois dilemas e pela definição de uma nova Europa de cidadãos e de regiões,
que poderá nascer uma união com instituições verdadeiramente próximas das
pessoas. Isto sim seria um ideal progressista, mas a mera independência não…
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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