Valor supremo num Estado democrático é o bem público. Valor
sagrado para a República em que o bem de todos os cidadãos, iguais aos olhos do
Estado, é principio e fim da razão de toda a governação. Os que são eleitos são-no
com essa responsabilidade, de agir para e zelar pelo bem público. Mandaria,
também, a ética que esse fosse, quase como um sacerdócio, o desígnio último de
quem ocupe cargos públicos. Infelizmente, essa vocação parece hoje cada vez
mais alheada dos nossos políticos. A acusação a José Socrates, escândalo de
proporções dantescas de promiscuidade entre o interesse público e privado é,
independentemente da culpabilidade dos envolvidos, um caso que mina
profundamente a solidez do regime precisamente naquela que deveria ser a base
fundamental do mesmo: a confiança depositada pelos cidadãos nos seus eleitos e
a responsabilidade destes em cuidar pelo bem de todos. Também, nessa tragédia
de proporções bíblicas a que assistimos, outra vez, nos últimos dias, do país
em chamas, é a fé das pessoas na governação que se vê, talvez
irremediavelmente, destroçada. Por cá, foi desmascarada uma rede de corrupção,
naquilo que poderá ser o levantar do véu de uma vasta epidemia de corrosão dos
interesses públicos. A obrigação dos nossos eleitos é resgatar de novo para a
governação o primado do Bem Público, antes que seja tarde de mais…
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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