Por estes dias, discute-se
se Portugal é, ou não, racista. Com mais ou menos espuma na boca, mais ou menos
indignação de rede social, ruminamos sobre a violência policial, a vida num
bairro de barracas enfeitado de antenas parabólicas, o Mamadou Ba, a cor da
pele do primeiro-ministro e outras tantas vulgaridades mundanas como, por
exemplo, a culpa comunista pelos bairros degradados. Agostinho da Silva, um dos
mais importantes pensadores portugueses do século XX, hoje infeliz e
injustamente esquecido, teorizou sobre a nacionalidade da língua e a
possibilidade de uma identidade colectiva que abarcasse os falantes da língua
portuguesa fossem eles brancos, pretos, ou outros. Uma nacionalidade lusófona, possível
pela existência de uma cultura de tolerância, que teve a sua expressão maior na
miscigenação que marcou de forma absolutamente determinante a história de
Portugal e dos portugueses no mundo, desde o interior da Amazónia ao extremo de
Timor. O mal nacional não é, nunca foi, o racismo. O que corrói o país é outra
coisa: é o fosso profundo entre ricos e pobres, entre os remediados do Jamaica
e os “chiques” da Quinta da Marinha…
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
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