quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Café Royal CVIII

1.200.000.000

Mil e duzentos milhões de euros, é o que se estima que a CGD terá perdido em empréstimos de risco. A lista dos principais devedores, agora vinda a público, é a confirmação do que já sabíamos existir – uma imensa rede de intimidades entre negócios, política e finança. Num dos lugares de topo dessa lista está Joe Berardo, que, sozinho, terá provocado um rombo de mais de 150 milhões de euros. Berardo é, com Ricardo Salgado, a outra face da mesma moeda. São, de certo modo, a perpetuação de um Portugal que depois de 40 anos de uma ditadura bafienta e 40 de uma democracia débil se fez sempre de compadrios. Salgado, o homem austero, de berço de ouro e lugar no Turf. Berardo, o emigrante espampanante que ambicionou ser o Gulbenkian do século XXI. Ambos, com a mesma falta de escrúpulos e de vergonha na cara, representam bem a ruína do país. Mas o que dá asco é que ao Zé Povinho, a nós todos, a mesma CGD, o banco público, subiu juros, recusou empréstimos, penhorou casas e destruiu vidas, com o mesmo sangue-frio com que arrebentou milhões nos caprichos dos ricos. E não há consequências: nem nós nos revoltamos, nem eles vão presos. Só o Vara.
 

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