quinta-feira, 20 de junho de 2019

Café Royal CXXIX


O bodo

Quando se fala em Orçamento de Estado é frequente ouvir falar em “mesa” e “bolo”. Como se o Orçamento fosse uma espécie de banquete. Só que, quem se anda a lambuzar com o repasto não são os cidadãos comuns, pagadores de impostos, a quem o Estado devia garantir meia dúzia de coisas básicas. Desde logo, diz a Constituição, o direito à Saúde, “através de um serviço nacional de saúde universal e, (…) tendencialmente gratuito.” Ora, se imaginarmos que à cabeça da “mesa” do Orçamento se senta o Governo, manda o protocolo que à direita se sente a Educação e à Esquerda a Saúde e deviam ser esses, os “convidados de honra”, a receber a maior fatia do “bolo”. Mas, neste país, nos últimos anos, nessa verdadeira última ceia em que se transformou o Orçamento de Estado, quem se anda a empanturrar, são os Judas da Dívida, os agiotas da Banca e outros Berardos do género. Portugal investe na Saúde cerca de 1600€ por cada cidadão. Resgatar os Bancos custou a cada um de nós 1800€! É como aquelas galas, servidas a lagosta e champanhe, em que os abastados juntam uns cêntimos para oferecerem aos pobres uns míseros pacotes de macarrão…


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