Partidocracia
O meu pendor romântico levou-me sempre a acreditar que, numa
democracia, os partidos são o garante da pluralidade democrática e do debate
ideológico, condições fundamentais para a sobrevivência desse regime que “é a
pior de todas as formas de governo, à excepção de todas as outras”. Mas, as nossas
democracias estão hoje feridas de morte. E o problema não é a abstenção e o
alheamento dos cidadãos da vida política, nem é, tão pouco, a esquizofrenia
ideológica que faz do PSD um partido de esquerda e do BE um partido
social-democrata, nem sequer é a ameaça do populismo. Antes de tudo isto, o verdadeiro
cancro das nossas democracias, é que os partidos políticos, que são o seu
centro nevrálgico, não são, eles próprios, instituições democráticas. Nos
partidos não há liberdade de pensamento, nem de opinião, nem, sobretudo,
democracia interna. Há dias, no calor de uma discussão entre amigos, defendi
que o objectivo dos partidos devia ser o bem comum, ao que alguém cínica, mas realisticamente
retorquiu que não, que o objectivo dos partidos políticos é ganhar eleições. Enquanto
assim for, o regime em que vivemos é uma partidocracia e esse é que é o verdadeiro
problema.
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