quinta-feira, 12 de março de 2020

Café Royal CLXV


Corona

Para lá das questões imediatas – contenção, tratamento, cura – a crise do Covid-19 levanta outras interrogações, com as quais nos devíamos, também, inquietar. A mais dramática, é a constatação de que não há reação para o imponderável. Perante o desconhecido não há resposta, não há protocolo pré-estabelecido. Ansiamos por controlo e a verdade é que ele não existe. Perante o disseminar do vírus, cujas consequências vão muito para lá da emergência médica, o mundo vai atabalhoando-se entre o isolacionismo totalitário chinês, a arrogância ignorante americana, o latino-laxismo italiano e o pânico mediático global. Por cá, vamos pendulando entre a hipocondria histérica do Prof. Marcelo e a desorientação de um governo que não sabe o que fazer. Num mundo interligado exigem-se respostas globais e, principalmente, solidárias. Perante a brutalidade da pandemia, mais importante do que fechar fronteiras, ou abrir linhas de crédito, seria uma consciência mundial de que só com confiança e entreajuda é que se pode conter e tratar os vários contágios do vírus. Talvez então, Corona volte a ser, apenas, nome de uma boa cerveja mexicana.


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