Nesta pandemia surgiram vários vírus, alguns deles mais perigosos
que o Covid-19. Primeiro, e o mais grave, o da desumanização. Vivemos subjugados
por números, gráficos, dados e o nosso cotidiano passou a estar suspenso pelo R0
(alguém sabe o dos Açores?). Deixámos de ser pessoas, com vidas e sentimentos, reduziram-nos
a meras estatísticas e a circunstâncias epidemiológicas. Cada ser humano não é
mais do que um Uber da contaminação. Depois a transparência, que os Governos
tanto reclamam. Mas, informação fundamental, tanto sobre a doença como sobre a
calamidade social e económica, é ocultada, manipulada e, por vezes, até abertamente
equivoca. Por fim, o unanimismo. Impelem-nos, à força e sem contraditório,
para uma espécie de conformidade amordaçada onde imperam incontestáveis os
valores da saúde pública. Como se o único conhecimento válido fosse o das ciências
da vida. Obrigam-nos a descartar todo o tipo de outros saberes – filósofos, historiadores,
geógrafos, economistas, sociólogos, psicólogos, até politólogos – e as nossas
vidas são entregues, atropelando a Constituição e o mais básico bom-senso, à
ditadura aleatória da Autoridade de Saúde.
Brandade de bacalhau
Há 4 horas
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