O Isolamento
Não! A insularidade não é uma vantagem. Nem o total
isolamento dos Açores é possível quando a região até cebolas importa. É
arrogância pensar-se que, mais tarde ou mais cedo, o vírus não conseguiria um
portador para o desembarcar nas ilhas. Um marinheiro, um piloto, um médico
especialista, um pelotão do exército ou, quem sabe, se ele por cá já não andava,
contagiando assintomaticamente, trazido pelos representantes da Marca Açores
que se exibiram em Lisboa em Fevereiro. Ou, pelos abonados funcionários que
foram comprar prendas à Primark em Dezembro? Também, não serão as citações de
Ciprião de Figueiredo ou as bandeiras da autonomia que vão inventar uma vacina,
nem a Federação Agrícola vai produzir Hidroxicloroquina, ou outro fármaco qualquer
que mate o bicho. A soberba de imaginar uma região asséptica e impenetrável aos
ares do mundo é absurdo, desastroso e um retrocesso gigante para a Região. Cada
uma das nove ilhas é Açores, os Açores são Portugal que é uma das 27 partes de
uma Europa que será fundamental para sairmos desta crise, a maior das nossas
vidas, e da qual ninguém sairá sozinho. O isolamento, seja ele constitucional
ou não, só nos trará morte.
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