As ondas
Qualquer surfista sabe que as ondas vêm em conjuntos. E, a
maior parte do tempo que passamos na água não é a surfar as ondas, mas à espera
delas. Infelizmente, os políticos não entendem a linguagem dos mares e, passada
a primeira vaga, achatada a curva e limpa a folha estatística, lançaram-se, com
mais ou menos fé, em peregrinações mediáticas pelos círculos eleitorais. No
passado domingo, Marcelo, o Presidente Emplastro, aterrou no Nordeste,
devidamente testado, mascarado, mediatizado e selfiezado para fazer…
exactamente nada! O efeito prático dessa viagem, no bem-estar e melhoria das
nossas vidas devastadas, foi absolutamente zero. Também por cá, já tinha,
entretanto, começado o périplo de Vasco Cordeiro pelas nove ilhas. De semblante
pesado, vulto negro, batendo cotovelos e alvíssaras, o Presidente do Governo
vai saltitando, tanto quanto o peso da consciência lhe permite, de ilha em
ilha, de junta em junta, numa romaria de promessas que o levará, eleitoralissimamente,
até Outubro. Porém, o que se espreme de sumo, desses rendez-vous mascarados,
que facilmente o Zoom resolveria, para o ressuscitar da nossa moribunda
economia é, igualmente, menos que zero. Entretanto, no horizonte, já se
vislumbra, imparável, a próxima onda, não de vírus, mas de pobreza.
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