quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Café Royal CCXIV

A vitamina

Nos últimos tempos, António Costa tem-se referido ao Plano de Recuperação e Resiliência e aos fantásticos euros que supostamente por aí veem, já não como a “bazuca”, mas como a “vitamina”. Este súbito câmbio de expressão metafórica, embora menos bélico, é, infelizmente, muito mais sinistro. O que esta imagem medicinal revela é simplesmente o quão alienado, ou néscio, anda o nosso Primeiro-ministro, ao ponto de julgar que se pode ressuscitar um morto com pastilhas de Cecrisina. Por culpa do seu desgoverno da pandemia, a economia está moribunda. E, em alguns sectores, como é o caso das indústrias criativas ou da hospitalidade, por exemplo, empresas há que já foram liminarmente eutanasiadas por decreto do governo, sem que qualquer panaceia as possa, milagrosamente, reviver. Mas, esta ideia de que se pode curar um morto com uma colher de vitamina, é o mesmo tipo de pensamento mágico que lhe faz acreditar que é a vacina que nos vai salvar do mafarrico viral. O que Costa nunca percebeu é que o problema não era o vírus, nem a cura, mas a absoluta ausência de saúde que já antes nos acometia. De tanto querer curar a doença esqueceu-se que o mais importante é haver saúde.

in Açoriano Oriental

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