O fundamento
mais profundo de toda a cultura é o exemplo dos que viveram antes de nós. Exemplo
prático, exemplo cultural, exemplo vivo. Somos o que vivemos, mas somos tanto
ou mais o que lemos, vemos e aprendemos. Em livros, quadros, filmes, na
educação, em formas múltiplas de leitura e de interpretação dos legados da
história, da arte, da literatura, da vida, do exemplo prático. Vivemos hoje um
tempo inquietante e imprevisível em que a ignorância, com a sua arrogância
própria, assumiu o poder. Olhando apenas as horas tudo parece seguir o seu
caminho. Mas, se olharmos as décadas, o tempo vagaroso, denso, dos gestos
e das suas consequências, o que
vemos são os variados e colossais perigos da história humana feita impulso em
vez de pensamento, feita grito no lugar da cadência. Vivemos o tempo da pulsão,
cega e repetitiva. Perdemos não só o distanciamento inerente à erudição como,
infelizmente, a tranquilidade do saber, próprio ou transmitido. A ironia é essa
mesmo. Numa época da História em que mais precisamos de conhecimento somos governados
pelo sucesso vácuo da ignorância. Não são já as notícias que são falsas, é toda
a realidade. Quando o porta-voz da Casa Branca afirma que Hitler não usou armas
químicas é o nosso próprio futuro que se perde.
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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