Abril será sempre o mês “inicial inteiro e limpo” e, para mim, o mês cintilante, impregnado pela dádiva de uma filha e de um pai. Mas Abril é, também, o mês de Antero. 18 de abril foi o dia do 175º aniversário de Antero de Quental. Antero é o mais eterno de todos os açorianos. Nenhum outro filho destas lávicas rochas, desta húmida leiva, deste intemperado clima, deixou tão profundo legado. O homem de polémica, de política, filósofo, anarquista, ensaísta, pedagogo, homem frágil e doente, mas, ao mesmo tempo, firme e altivo. Poeta. Antero superlativamente humano, génio e santo. Porém, poucos são os que hoje nas ilhas o recordam. Vivendo num tempo de efemérides bacocas, em que qualquer epifenómeno virtual se transforma numa data, uma verdadeira celebração, os 175 anos do nascimento de Antero de Quental, é incompreensível e inaceitavelmente obliterada do calendário. Honra, no entanto, seja feita à Associação dos Antigos Alunos do Liceu, à livraria e editora Artes e Letras e à Câmara Municipal de Ponta Delgada, que com uma original edição de As Fadas assinalaram o dia, ao contrário de, imperdoavelmente, todas as instituições governamentais e legislativas da região, que por completo o esqueceram e, para maior vergonha minha, do próprio PS, que o usa quando precisa, mas não o honra quando deve.
in Açoriano Oriental
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