“Estás cá?
E, quando é que te vais embora?”. O mais velho e caricato chavão de Agosto. Na
euforia das férias, habitantes e veraneantes, cruzando-se nas praias, nos
restaurantes, nas ruas, nas infindáveis festas, trocam olhares de alegria ou de
enfado. Perdidos no tempo, questionamo-nos mutuamente sobre quando chegamos à
ilha para logo de seguida perguntar, de chofre, quando partimos, numa
impressionante ânsia de afastamento, como se a verdadeira essência do ilhéu
fosse estar sozinho, apartado de tudo e o súbito enxame de pessoas novas fosse aflitivo
e desagradável. Lembro-me como esta frase me incomodava quando era jovem e
fazia parte dos que visitavam a ilha. Agora, que aqui vivo, vejo-me a repeti-la
com a mesma ênfase, nessa surpresa inquietante de ver novas caras nos sítios do
costume. Como se só no Inverno a ilha fosse verdadeiramente e em Agosto a ilha
fosse o Centro Comercial Colombo… Mas, na verdade, Agosto é a ilha, com a
plenitude do mar e as tardes calmas, os mariscos, os amigos, os passeios, as
idas de casa em casa rememorando histórias e estreitando laços e amizades,
novas ou velhas. Saindo da ilha em Agosto (mesmo que seja para celebrar a
imensa alegria de ver a alegria nos outros…) compreendemos, olhando novamente o
mar, que Agosto é o tempo do regresso e do recomeço e começar de novo é uma
parte essencial da vida. Tal como partir, ou voltar…
Profissionais da indignação
Há 3 horas
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