quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Café Royal XXXIII

Agosto III

“Estás cá? E, quando é que te vais embora?”. O mais velho e caricato chavão de Agosto. Na euforia das férias, habitantes e veraneantes, cruzando-se nas praias, nos restaurantes, nas ruas, nas infindáveis festas, trocam olhares de alegria ou de enfado. Perdidos no tempo, questionamo-nos mutuamente sobre quando chegamos à ilha para logo de seguida perguntar, de chofre, quando partimos, numa impressionante ânsia de afastamento, como se a verdadeira essência do ilhéu fosse estar sozinho, apartado de tudo e o súbito enxame de pessoas novas fosse aflitivo e desagradável. Lembro-me como esta frase me incomodava quando era jovem e fazia parte dos que visitavam a ilha. Agora, que aqui vivo, vejo-me a repeti-la com a mesma ênfase, nessa surpresa inquietante de ver novas caras nos sítios do costume. Como se só no Inverno a ilha fosse verdadeiramente e em Agosto a ilha fosse o Centro Comercial Colombo… Mas, na verdade, Agosto é a ilha, com a plenitude do mar e as tardes calmas, os mariscos, os amigos, os passeios, as idas de casa em casa rememorando histórias e estreitando laços e amizades, novas ou velhas. Saindo da ilha em Agosto (mesmo que seja para celebrar a imensa alegria de ver a alegria nos outros…) compreendemos, olhando novamente o mar, que Agosto é o tempo do regresso e do recomeço e começar de novo é uma parte essencial da vida. Tal como partir, ou voltar…

 

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