Fecha Agosto.
Já há Beladonas pelas bermas das estradas. As lojas fazem montras com os
materiais escolares e até guardanapos de papel com motivos natalícios espreitam
nas prateleiras das grandes superfícies comerciais nessa agonia capitalista que
quer forçar a marcha do calendário numa ganância de lucro constante. Os dias
ficam mais curtos. As intermitências do clima mais constantes. A ilha
esvazia-se lentamente dos visitantes. Os restaurantes voltam a ter lugares e
sorrisos para os clientes habituais. Há vinho doce e uvas de cheiro em cestos
de vime nas vendas. E figos de doce carnudo. Os ananases que veranearam na
estufa ficam mais doces. As noites cheiram ao pólen das conteiras que invadem
os montes. No jardim, as miúdas queimam as últimas fantasias, na saída do mar,
passando-se na água doce da mangueira. Cresceram, na folia das férias
amadurecem como as frutas ao sol. Em breve regressarão à escola, com roupas
novas e sorrisos altivos e bronzeados. Elas não o sabem ainda, mas os verões
são caixas de memórias, pequenos guarda-joias, onde protegemos a infância e a
sua frágil felicidade. Chegando Setembro faremos o balanço das coisas. Em
Outubro haverá eleições, dizem-nos os cartazes gigantes que embrutecem a
paisagem e os murais do Facebook inundados de fotografias de candidatos sorridentes,
invadindo as soleiras das portas. Mas por agora, fechemos Agosto, olhando mais
um pôr-de-sol ao som do mar e ao paladar de mais um copo…
Profissionais da indignação
Há 2 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário