quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Café Royal L

A Ética

Não é fácil determinar quando a imoralidade tomou posse da coisa pública. Mas é de cristalino entendimento que foi o dinheiro, na sua escabrosidade, que se apossou e alimenta essa fogueira onde se incendeiam as virtudes. Vivemos na era do consumo, em que o capital é a medida de toda a felicidade. Tão longe estamos de Aristóteles, que apontou a Felicidade como a finalidade suprema da existência e possível de obter apenas pelo caminho da ética. Hoje, a felicidade vem em maços de notas, cartões gold, gadgets, smartphones, automóveis, viagens em executiva, gambas de lojas de luxo e inúmeros outros tipos de quinquilharias topo de gama. É a ética ou, mais correctamente, a falta dela, que explica casos como o da Raríssimas. E é também a falta de ética que explica a miríade de outros casos e comportamentos semelhantes que pululam por todo o tipo de associações ou similares por esse país fora. Mas a culpa não é só individual. Não está nas decisões e atitudes, mais ou menos autoritárias e ignorantes, deste ou daquele(a) presidente. A culpa está no Estado, está nos sucessivos políticos e governantes que criaram, promoveram e se enredaram neste tipo de organizações, permitindo-se, por acção ou omissão e na obscuridade da sua administração, sorver milhões de euros de dinheiros públicos para vícios privados. Basta!
 

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