Quem olhe o estado do
mundo, hoje, mesmo que com “olhos lassos”,
não pode deixar de sentir desconforto, uma quase dor de quem sente que vivemos
o fim de uma era, o fim de um tempo de utopia e de esperança. Em nosso torno
são múltiplos os sinais de que o tempo das democracias liberais terminou. O
sonho de um mundo, construído por sociedades onde as liberdades individuais e o
princípio da solidariedade entre indivíduos e gerações seriam a base da
organização dos estados, sucumbiu à ditadura dos números. Todo o discurso
político foi contaminado, como se por um vírus, por défices, taxas, dívidas,
índices, juros, ratings e todo um infindável jargão de economices, com que os
titereiros da política e do capital manipulam o espaço público. Algures no
caminho deixamos que se perdesse o humano e tudo se tornou refém do número. É
natural que assim seja quando, por estes dias, o que constatamos à nossa volta
são políticos emproados a discutir as décimas do défice e a percentagem do PIB
na dívida, sem que, nunca, se considere o simples, mas fundamental, bem-estar
dos cidadãos… “Não, não vou por aí!”
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
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