Perante o absurdo e assustador crescimento dos movimentos ditos populistas, os media, a intelligentia, procuram desesperadamente encontrar uma explicação, um culpado, para o fenómeno. O mais recente arguido neste tribunal mediático são as redes socias e, mais concretamente, as chamadas “fake news”. Pretendem fazer-nos acreditar que a razão para o descalabro das democracias ocidentais e a chegada ao poder, democraticamente diga-se, de nacionalismos, fascismos e outras formas desarreigadas de populismo, está na disseminação artificial de mensagens falsas nas redes sociais e na incapacidade dos indivíduos em as descodificar e contrapor. Como se o mundo todo fosse habitado apenas por idiotas. Por mais apetecível que este argumento seja e, independentemente da sua parcial verdade, há um problema fundamental neste raciocínio. É que, não foram as “fake news” que minaram a confiança dos cidadãos no sistema político-partidário. Foi sim a progressiva e despudorada forma como os partidos políticos se auto-descredibilizaram, cegos pela ganância eleitoral e mergulhados, até aos ossos, em compadrios, amiguismos, nepotismo e escândalos de corrupção.
in Açoriano Oriental
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