Nunca gostei de carros. Os carros, para mim, são utensílios básicos, servem para nos levar de um lugar para o outro, como um abridor serve para abrir caricas, sendo que gosto mais do abridor do que de carros. Só uma vez fui proprietário de um carro, uma carrinha velha, que comprei usada e que serviu o seu papel até ser encomendada ao sucateiro. Não tenho, como se compreende, grande simpatia por ralis, o máximo de entusiasmo que me provocam são as vitórias do Ricardo Moura que teria sido o primeiro português campeão do mundo de Bodyboard não fosse o azar dos tímpanos. O Rally não me é mais do que um incómodo. Percebo-lhe o ganho de notoriedade, fruto das imagens que viajam o mundo, mas isso também o Surf ou o Cliff Diving conseguem e por metade do preço. Mas, já que tantos açorianos parecem gostar da coisa e que, por isso, ela provavelmente vai continuar, permitam-me uma sugestão: não estará na hora de tirar da zona mais nobre da cidade o estendal cacofónico do Rally? Numa cidade que se quer turística, todo aquele circo tresanda a terceiro mundo, ainda para mais quando há dois megapavilhões, um em cada lado da ilha, a rogar por uso. Pensem nisso.
in Açoriano Oriental
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