Reposição
No auge da crise, junto com o congelamento das carreiras, o
“enorme aumento de impostos”, o
desemprego e o corte de salários, deu-se um outro fenómeno, igualmente
importante, embora mais envergonhado, que foi o endividamento das famílias à
banca. Em 2009, este endividamento era 95% do PIB e cerca de 70% do mesmo era
crédito à habitação. Ora, entre 2007 e 2012 os spreads médios destes créditos aumentaram quatro vezes, tendo como
efeito imediato o catapultar de uma prestação mensal de 200€ para 800€! A
consequência prática deste gigantesco salto foi um enforcamento financeiro das
famílias que, no melhor dos casos, fizeram esforços sobre-humanos para cumprir
as suas obrigações e, no pior, viram os seus bens penhorados. Infelizmente,
para estas pessoas (e são certamente tantos ou até mais do que os professores)
não existe em Portugal um Mário Nogueira, ou uma qualquer comissão parlamentar,
que reivindique a reposição desses rendimentos e bens, que, na sangria da
crise, foram devorados pelo monstro insaciável da banca. A única certeza que essas
famílias têm hoje é de continuar a ver os seus impostos a jorrar
desenfreadamente para resgatar essa mesma banca que os arruinou.
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