quinta-feira, 23 de maio de 2019

Café Royal CXXV


JL

A adolescência é o tempo de todos os excessos. Daquilo a que Thoreau chamou “sugar o tutano da vida”. Correndo, lado a lado, com a mais pura inconsciência, uma enorme vontade e ambição, uma quase arrogância de se ter todas as certezas do mundo. E, no regresso do pêndulo, as incertezas, os medos, as inseguranças de uma vida toda pela frente. Esse constante balanço entre dois polos é terreno fértil para grandes descobertas e para colossais erros. É por isso que os adolescentes são, muitas vezes, olhados com escárnio, ou tédio, uma condição irritante que se tolera com paciência, ou descompostura. Porém, há aquelas poucas pessoas que, nesse solstício da idade, olham para nós não com condescendência e cinismo, mas com a esperança de quem sabe que a adolescência é não mais do que uma ponte, que é necessário atravessar, para a maturidade. Uma das grandes dádivas que o João Luís e a Teresa deram a uma trupe de vorazes que aceleraram pela ilha à procura de tornar as suas vidas extraordinárias, e que tinham na sua casa e convivência um porto de abrigo, foi olharem-nos não como “armários”, mas como pessoas. Obrigado Teresa, obrigado JL.


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