quinta-feira, 16 de maio de 2019

Café Royal CXXIV


CEE / UE

Em 81, uma desconhecida banda do Porto, chamada GNR, lançava o seu primeiro single “Portugal na CEE”. A canção refletia o sentir de um país que, desde 77, “Na rádio, na TV / nos jornais, quem não lê / Portugal e a CEE / Quanto mais se fala menos se vê / eu já estou farto e quero ver / Quero ver Portugal na CEE”. A adesão chegou, numa cerimónia pomposa nos Jerónimos, em 85, e a emoção nessa altura, tal como, premonitoriamente, dizia a música era: “E agora, que já lá estamos / vamos ter tudo aquilo que desejamos / Oh boy, é tão bom estar na CEE”. Nesses meados dos anos oitenta, o país vivia, ainda, na ressaca da revolução. Acabava de sair de uma intervenção do FMI, elegia Soares para Belém, entregava-se nas mãos de Cavaco Silva durante os 10 anos seguintes e troçava do arquitecto Taveira. Nas primeiras eleições ao parlamento europeu, ganhas por Santana Lopes, Miguel Esteves Cardoso teve 155 mil votos e votaram 72% dos eleitores. Passados 30 anos, temos FMI, Marcelo, Geringonça, escarnecemos do Comendador Berardo e a abstenção ronda os 65%. Em boa verdade, só a participação dos portugueses nas eleições se alterou, porque no resto, até os blusões de penas estão, outra vez, na moda…


in Açoriano Oriental

Sem comentários: