CEE / UE
Em 81, uma desconhecida banda do Porto, chamada GNR, lançava
o seu primeiro single “Portugal na CEE”. A canção refletia o sentir de um país
que, desde 77, “Na rádio, na TV / nos
jornais, quem não lê / Portugal e a CEE / Quanto mais se fala menos se vê / eu
já estou farto e quero ver / Quero ver Portugal na CEE”. A adesão chegou,
numa cerimónia pomposa nos Jerónimos, em 85, e a emoção nessa altura, tal como,
premonitoriamente, dizia a música era: “E
agora, que já lá estamos / vamos ter tudo aquilo que desejamos / Oh boy, é tão
bom estar na CEE”. Nesses meados dos anos oitenta, o país vivia, ainda, na
ressaca da revolução. Acabava de sair de uma intervenção do FMI, elegia Soares para
Belém, entregava-se nas mãos de Cavaco Silva durante os 10 anos seguintes e
troçava do arquitecto Taveira. Nas primeiras eleições ao parlamento europeu, ganhas
por Santana Lopes, Miguel Esteves Cardoso teve 155 mil votos e votaram 72% dos
eleitores. Passados 30 anos, temos FMI, Marcelo, Geringonça, escarnecemos do
Comendador Berardo e a abstenção ronda os 65%. Em boa verdade, só a
participação dos portugueses nas eleições se alterou, porque no resto, até os
blusões de penas estão, outra vez, na moda…
in Açoriano Oriental
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